Os municípios de Cabo Frio e Arraial do Cabo, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, podem ganhar um distrito logístico e industrial que terá como um dos focos principais o apoio às atividades da indústria de petróleo e gás. O governo do Estado vem analisando a viabilidade de criar esse distrito – com área alfandegada de 2,5 milhões de metros quadrados – em terreno contíguo ao Aeroporto Internacional de Cabo Frio.
O aeroporto vem se consolidando como base para a movimentação de cargas de empresas de petróleo. E a instalação do distrito logístico e industrial pode reforçar essa operação, disse Francisco Pinto, presidente do conselho de administração da Costa do Sol Operadora Aeroportuária, que detém a concessão do aeroporto de Cabo Frio. O porto do Forno, situado no município vizinho de Arraial do Cabo, também vê na possível instalação do condomínio a chance de alavancar suas operações. A administração do porto está a cargo do município desde 1999.”O condomínio pode beneficiar toda a região”, disse Justino Maceio da Silva, presidente da Companhia Municipal de Administração Portuária (Comap), responsável pela operação do porto do Forno. Segundo ele, o porto passa por transição no tipo de carga. O granel, que historicamente foi a principal carga, está dando lugar a equipamentos da indústria offshore.
O porto também movimenta sal e malte para a indústria cervejeira.Pedro Paulo Rosário, diretor de desenvolvimento industrial da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado (Codin), disse que o governo do Rio poderá começar em 2012 a desapropriação de terras para a criação do distrito. “Trabalhamos para identificar os problemas jurídicos até o fim deste ano e, se for viável tecnicamente, poderá se iniciar o processo de desapropriação no ano que vem”, disse Rosário. O trabalho inclui a análise sobre os custos da desapropriação. Se tudo der certo, o condomínio poderia começar a operar em 2013, previu Rosário.Ele afirmou que a ideia do projeto partiu dos municípios de Cabo Frio e Arraial do Cabo, que sugeriram a área a ser utilizada. Rosário disse que, no começo, imaginava-se que o terreno a ser desapropriado pertencia integralmente à Companhia Nacional de Álcalis, mas constatou-se que havia outros proprietários.
A área total a ser desapropriada é de 3,6 milhões de m2, dos quais 2,5 milhões de m2, contíguos ao aeroporto, seriam passíveis de serem alfandegados.Francisco Pinto disse que, além do petróleo, empresas de outras áreas poderiam vir a se instalar no condomínio. Citou os setores aeronáutico, eletrônico e farmacêutico. Em 2011, o Aeroporto Internacional de Cabo Frio deve movimentar cerca de 25 mil toneladas de carga, quase 130% acima do volume de 2010.
Pinto disse que o aeroporto também começa a embarcar carga de retorno. São equipamentos que chegam ao Brasil para uso pela indústria de petróleo, mas depois voltam aos países de origem.”É o início de uma tendência que consiste em passar a ter não só importação pelo aeroporto, mas também saída de cargas para o exterior”, disse Pinto. Em agosto, um cargueiro MD-11, da Skylease Centurion, saiu de Cabo Frio rumo a Houston, no Texas, com 36 toneladas de equipamentos da indústria de petróleo a bordo.