Mesmo enfrentando momentos desfavoráveis, com o dólar baixo e juros elevadíssimos, a agricultura no Brasil consegue o feito de se manter extremamente competitiva, comparando os altos custos impostos pelas condições da logística nacional. Segundo o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, um dos maiores problemas enfrentados pelo produtor e pelo consumidor – as duas pontas mais frágeis – é o estado caótico da infraestrutura brasileira. “Nossos principais concorrentes, como por exemplo, os Estados Unidos, chegam com a soja no porto com um custo de US$ 12 a tonelada, sendo que no Brasil o frete pode chegar a US$ 60 a tonelada”, explica ele, acrescentando que isto significa aproximadamente 50% do custo da produção.
Cesário acredita que o Brasil poderia ter feito no início do Governo Lula a parceria público-privada, onde a União delegaria à iniciativa privada a responsabilidade quanto aos investimentos na infraestrutura. “Porém, nós estamos completamente estrangulados, com estradas em má conservação, e sem um modal de transporte, com a utilização de ferrovias, hidrovias, entre outros”, salienta, contrapondo que, desta forma, é necessário utilizar o dobro de caminhões para o escoamento da safra, que são deteriorados devido as péssimas condições das estradas, elevando os gastos também com a manutenção.
Falta de investimentos prejudica desenvolvimento do Estado
De acordo com o secretário Estadual de Infraestrutura e Logística do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque, a falta de recursos pesados para os investimentos em obras de infraestrutura emperra o desenvolvimento do Estado. Ele observa que dos 12 mil quilômetros de rodovias pavimentadas no RS, apenas 396 são duplicados, o que já representa um enorme gargalo, tornando o Estado atrasado do ponto de vista logístico. “Por isso, mesmo antes de assumir, o governador Tarso Genro encaminhou cartas-consultas para financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco Mundial (Bird), para programas regionais de desenvolvimento que preveem, além de programas sociais e econômicos, a duplicação de trechos rodoviários esgotados e, para acabar com um debito que o Estado tem com cerca de 104 municípios sem acesso asfáltico”, garante ele.
Albuquerque comenta ainda sobre a assinatura da ordem de início do projeto de duplicação da ERS-135, entre Passo Fundo e Erechim, que deverá ser viabilizada com os recursos arrecadados na praça de pedágio de Coxilha. “Vamos enfrentar os problemas para duplicar os 22 Km da ERS-118 e estamos buscando recursos para enfrentar pelo menos mais três gargalos rodoviários já diagnosticados que são a ERS-324 (Passo Fundo/Marau/Vila Maria/Casca), a ERS-342 (Cruz Alta/Ijuí) e a ERS 453 (Bento Gonçalves/Farroupilha)”, ressalta.
O secretário afirma que já alertou sobre a necessidade de investir R$ 100 mil anuais, até 2014, para garantir a trafegabilidade nas rodovias. “Mas, infelizmente, herdamos uma malha viária sem manutenção permanente, algumas estradas em péssimas condições e outras, restauradas no final de 2010 se deterioraram em menos de um ano”, enfatiza.
Ainda, o alto volume de chuvas, registrados nos últimos 100 dias, piorou ainda mais a situação e danificou 700 quilômetros de rodovias estaduais. Nos poucos dias de sol, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) está investindo recursos em ações emergenciais, conforme revela Albuquerque. “Mas essa não é a solução. Precisamos realizar obras definitivas e, para isso, o Estado terá que fazer um sacrifício e mobilizar recursos, que hoje não dispomos, para enfrentar o problema”, pondera.