Trabalhadores do setor aeroportuário vão discutir privatização em assembleias – Portogente

O mercado pode ter recebido muito bem a proposta do governo Dilma em privatizar os aeroportos nacionais, mas um setor influente vê a medida com muita cautela. O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac), filiada à CUT, e do Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Celso Klafke, reclama que esperava do governo um maior debate sobre o assunto e avisa que os trabalhadores dos três primeiros aeroportos que serão privatizados, de Guarulhos e Campinas, em São Paulo, e de Brasília, já têm assembleias nos próximos dias 7, 8 e 9.

Acompanhe, a seguir, a entrevista com Klafke que irá ao ar no Portogente em duas partes: nesta sexta-feira (3) e na segunda-feira (6), quando o sindicalista fala sobre a atuação da Infraero.

Portogente – Como a Fentac recebeu a notícia da privatização do setor aeroportuário?

Celso Klafke – Apesar de ainda não termos detalhes sobre a proposta de privatização desses aeroportos, recebemos com muita preocupação essa iniciativa, tendo em vista a importância do assunto. O Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) está convocando assembleias de trabalhadores nos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, respectivamente, nos dias 7, 8 e 9 de junho, para discutir o tema. Diante das gravíssimas repercussões que essa proposta impõe, os sindicatos cutistas e a Fentac esperavam do governo maior debate sobre o assunto. Há meses estamos solicitando uma agenda com a presidência e ministérios relacionados à aviação, para tratar desse e de outros temas relevantes aos trabalhadores, mas até agora não obtivemos uma resposta do governo. Contudo, a gente espera que antes da divulgação do edital possamos contribuir com o debate, participar diretamente dessa discussão e defender os direitos dos trabalhadores, sem esquecer nunca da importância desses aeroportos para passageiros e desse patrimônio para o povo brasileiro.

Portogente – Passar os aeroportos para a iniciativa privada é a melhor forma de modernizar o setor?
Não acreditamos nisso. Estamos sentindo hoje esse problema porque os aeroportos ficaram sem uma política de investimento por muitos anos. Por outro lado, o crescimento da economia neste período já apontava a necessidade desses investimentos. Agora, o governo entende que a solução é privatizar. O único motivo que não justifica, mas pode explicar essa iniciativa é a atuação do TCU (Tribunal de Contas da União) que vem inviabilizando a realização das obras nos aeroportos que deveriam ter sido realizadas pela Infraero.

Portogente – A Federação teme a demissão de funcionários?
É claro que sim. Mas não temos ainda conhecimento sobre os detalhes dessa iniciativa. A todo o momento, as propostas do governo mudam. Falta planejamento, transparência e diálogo com os trabalhadores. Os sindicatos e a Federação continuam insistindo em busca de um diálogo com o Executivo, para contribuir, somar esforços, defender os trabalhadores. Nada se fala, por exemplo, dos aeroportos que interligam os estados, as regiões menos centrais do País, o interior. Nada se fala sobre os aeroportos deficitários. Tudo que tem sido anunciado não nos tranquiliza em nada.

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