Soja puxa aumento das exportações – Valor Economico.

Puxadas por soja e derivados, açúcar e etanol e carnes, as exportações do agronegócio brasileiro dispararam em agosto. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura, os embarques do setor totalizaram US$ 9,8 bilhões, 34,7% mais que no mesmo mês do ano passado.Com o forte incremento, as vendas ao exterior somaram US$ 61,5 bilhões nos primeiros oito meses de 2011, um incremento de 23,9% em relação a igual intervalo de 2010. No período de 12 meses encerrado em agosto, o valor chegou a US$ 88,3 bilhões, aumento de 24,8% na comparação com o ano móvel anterior. Os superávits da balança do agronegócios também cresceram. Em agosto foi de US$ 8,3 bilhões, nos primeiros oito meses de 2011 alcançou US$ 50,2 bilhões e nos 12 meses até agosto foi de US$ 72 bilhões.
O chamado complexo soja, que inclui grão, farelo e óleo, lidera as exportações do campo nacional em todas as listas. Impulsionados pela forte demanda da China e pelos preços elevados no mercado internacional, os embarques atingiram US$ 1,7 bilhão no mês passado, 53,6% acima de agosto do ano passado, e passaram acumular altas de 32,9% na comparação entre os primeiros oito meses de 2011 e 2010, para US$ 17,8 bilhões, e de 31,6% na relação entre os intervalos de 12 meses, para US$ 21,5 bilhões.
Já o complexo sucroalcooleiro, que inclui açúcar e etanol, rendeu US$ 2,2 bilhões em agosto, 45,2% mais que no mesmo mês de 2010, US$ 9,9 bilhões de janeiro a agosto, salto 23,3% sobre os oito primeiros meses do ano passado, e US$ 15,7 bilhões nos 12 meses até agosto, aumento de 28,2% em relação ao ano móvel anterior. Apenas em agosto, os embarques brasileiros de etanol, escasso no país neste ano, renderam US$ 215 milhões, quase 80% mais que em agosto de 2010.
As exportações de carnes (bovina, de frango e suína) perderam fôlego por causa da Rússia a dezenas de frigoríficos do Brasil (ver matéria acima), mas mesmo assim cresceram 8,4% em agosto, para US$ 1,4 bilhão, 13,7% de janeiro a agosto, para US$ 10,2 bilhões, e 12,1% nos 12 meses até agosto, para US$ 14,9 bilhões.
Entre os destinos das exportações brasileiras do agronegócio, a China aparece com cada vez mais destaque. Entre setembro de 2010 e agosto de 2011, as vendas do Brasil para o país asiático somaram US$ 10,5 bilhões, uma participação de 15,3% no valor total exportado pelo setor e com aumento de 29% sobre os 12 meses até agosto de 2010.
A iniciativa de propor um “antidumping cambial” ocorre num momento em que o real atingiu seu patamar mais desvalorizado em relação ao dólar no ano. Para o Brasil, não se trata de uma discussão de curto prazo, mas, sim, estratégica. E é mais um exemplo da guinada da política comercial de Dilma, considerada mais protecionista que em administrações anteriores.
Para tentar brecar o fortalecimento do real, o governo adotou uma política agressiva de compra de reservas e elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na semana passada, optou por subiu em 30 pontos porcentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados ou com menos de 65% de peças brasileiras.
Apoio. Os diplomatas brasileiro já sondaram informalmente os EUA e a China sobre seu apoio ao mecanismo de “antidumping cambial” e, pelo menos nesta fase, não encontraram uma forte resistência. Na prática, os chineses seriam os mais atingidos, embora argumentem que sua moeda apenas acompanha a desvalorização do dólar.
Mas, como toda discussão na OMC que exige consenso sobre os temas, a tramitação do “antidumping cambial” proposto pelo Brasil promete ser longa. Em abril, o País introduziu o tema na entidade, propondo que os países discutissem os efeitos do câmbio sobre o comércio. “Falar hoje sobre comércio internacional e ignorar o impacto do câmbio é uma atitude míope”, disse Roberto Azevedo, embaixador do Brasil na OMC.
Desta vez, o documento – que está em fase de finalização técnica pela missão brasileira em Genebra – vai além e propõe que os países examinem os “remédios” disponíveis no sistema multilateral de comércio para lidar com as variações excessivas do câmbio, como alterações nos tratados que regem a adoção de antidumping, salvaguardas ou medidas compensatórias.

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