A Gerdau fechou com a empresa de navegação doméstica Maestra um acordo para transportar cargas como fio-máquina e vergalhões entre os portos de Salvador (BA) e Suape (PE). Por questão de sigilo contratual, os volumes e o valor do negócio não foram revelados. O transporte é realizado pelo navio Atlântico, que faz escala quinzenal nos portos. Mas a rotação do serviço passará a ser semanal a partir do dia 25 deste mês, quando entra em operação o Maestra Mediterrâneo, a segunda embarcação do novo armador especializado em rotas domésticas (cabotagem). Até o mês de setembro, a frota completa da empresa será de quatro navios – os dois últimos estão sendo fretados no exterior.Para o diretor de suprimentos e logística da operação de negócio Brasil da Gerdau, Fladimir Gauto, a parceria com a Maestra representa uma oportunidade para ampliar a matriz de transporte. Originalmente, a movimentação dos volumes entre Salvador e Suape era feita por caminhão. No navio, esse trajeto leva em torno de dois a três dias.
“Não se trata apenas da questão econômica, que é mais vantajosa, mas também dos ganhos ambientais, já que o modal marítimo polui menos”, afirma o presidente da Maestra, Fernando Real, que inclui ainda no rol de benefícios do transporte marítimo a integridade e a segurança da carga. Segundo ele, se o maior poder de atração da cabotagem estivesse apenas no preço, bastaria ofertar o menor valor pelo transporte para atrair o embarcador. Mas o principal diferencial, afirma, está em vender ao cliente uma estratégia logística de porta a porta. “Não somos transportadores de contêineres, mas sim operadores logísticos. Trabalhamos a quatro mãos com a Gerdau”, afirma o executivo.
Inicialmente o contrato abrange apenas o trecho entre Salvador e Suape, mas a intenção, diz Real, é expandir a parceria, possivelmente incluindo o porto de Manaus (AM).
As quatro embarcações da empresa são porta-contêineres. O Atlântico e o Mediterrâneo têm capacidade para 1,2 mil Teus (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O terceiro navio, batizado de Pacífico, tem oferta para 1,7 mil Teus e o quarto, cujo nome não foi revelado, para 1,6 mil Teus. Todos têm cerca de 200 tomadas para contêineres refrigerados.
Para Real, a cabotagem tem principalmente três desafios de ordem governamental a vencer para aumentar a participação na matriz de transporte, que hoje está em cerca de 13%. O primeiro é equiparar a cobrança do bunker (combustível marítimo) com a dos navios de longo curso, que são isentos de tributação. O segundo é desonerar a cadeia, concedendo incentivos fiscais aos terminais portuários para operarem com cabotagem. “Hoje já somos mais competitivos pagando as mesmas taxas portuárias do longo curso e o bunker mais caro. Com esses incentivos atrairíamos muito mais carga”. E, finalmente, o executivo defende a ampliação da oferta de mão de obra para tripular embarcações. Hoje, o Brasil conta com dois centros de formação coordenados pela Marinha. Mas o setor antevê carência de profissionais em razão do aumento da demanda com a entrada de novos navios – principalmente das embarcações para atender a área offshore.