Lucro da Petrobras decepciona analistas e ações caem

Embora o lucro líquido atribuível aos acionistas da Petrobras tenha saltado 25 vezes em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o valor de R$ 6,64 bilhões ficou abaixo da expectativa de analistas do mercado financeiro. A média das projeções de cinco instituições consultadas pelo Valor apontava para ganho líquido da ordem de R$ 10,8 bilhões no terceiro trimestre, montante 40 vezes superior ao apurado em igual intervalo de 2017.

A empresa explicou que seu resultado foi afetado por fatores não recorrentes, como contingências judiciais, depreciação de ativos e baixas contábeis.

Nesta manhã, os papéis da estatal caem forte e devolvem os ganhos registrados ontem. Perto das 11h30, as ações ordinárias perdiam 2,94%, a R$ 29,75, e as preferenciais recuavam 2,56%, a R$ 27,44.

Os resultados da Petrobras vieram abaixo das expectativas dos analistas da XP Investimentos por causa de fatores como maiores gastos com importações de diesel, menores receitas com exportação relacionadas à menor produção de petróleo e efeitos não recorrentes, como o acordo firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos no valor de R$ 3,5 bilhões.

Em relatório divulgado nesta terça-feira (6), a XP Investimentos manteve a recomendação de compra para as ações da Petrobras, com preços-alvo de R$ 33 para as preferenciais e de R$ 32 para as ordinárias.

A expectativa da XP era que o lucro da Petrobras no trimestre chegasse a R$ 11,53 bilhões, bem acima dos R$ 6,64 bilhões informados pela estatal mais cedo. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) veio 8,3% abaixo da estimativa, que era de R$ 35,73 bilhões.

Os analistas dizem que, apesar da decepção, o terceiro trimestre não reflete um cenário de operações “normalizadas” para a Petrobras, uma vez que a empresa teve que aumentar sua participação no mercado de importações, já que operadores independentes enfrentam dificuldades sob o atual regime de subsídios ao diesel.

O Goldman Sachs tem uma visão negativa sobre os resultados da Petrobras no terceiro trimestre do ano, que vieram abaixo das estimativas do banco, especialmente o Ebitda (sigla em inglês para resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Em relatório, os analistas Bruno Pascon, Victor Hugo Menezes e Julia Borges apontaram que a geração de fluxo de caixa livre veio menor no terceiro trimestre refletindo o aumento nos investimentos, necessários para reverter a tendência negativa de produção, que acumula queda de 6% no ano.

Nos nove primeiros meses do ano, a Petrobras investiu US$ 10,1 bilhões, ante a projeção de desembolsar US$ 15 bilhões ao longo do ano. “Portanto, esperamos que o [investimento] continue aumentando nos próximos trimestres”, diz o relatório.

O Goldman Sachs espera uma taxa de retorno do fluxo de caixa livre de 8,3% entre 2019 e 2020. A justificativa é a expectativa de que a geração de Ebitda no segmento de exploração e produção deve crescer com a alta do preço do petróleo, e mais que compensar os efeitos negativos vindos da revisão da política de preços de combustíveis no Brasil e também das estimativas de investimentos do banco, que apontam para desembolsos de US$ 15 bilhões a US$ 17 bilhões entre 2018 e 2019, acima do nível de 2017, de US$ 12,8 bilhões.

O banco manteve a recomendação neutra para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 23,50 para as ações preferenciais e R$ 25 por ordinária.

https://www.valor.com.br/empresas/5970503/lucro-da-petrobras-decepciona-analistas-e-acoes-caem

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