Porto ganhará dois mergulhões – A Tribuna

Um projeto de grande importância para a antiga região portuária de Santos ganhou novos contornos. A proposta de uma passagem rodoviária subterrânea no Valongo¬ conhecida como mergulhão ¬ sofreu uma modificação significativa pela Codesp e pela Secretaria de Portos.

A ideia, agora, é construir dois túneis independentes nessa área, sendo um para o tráfego de trens e outro para o de carros, ônibus, caminhões e motos, liberando o nível dos o para os pedestres. A obra integrará a Avenida Perimetral da Margem Direita, em construção pela Codesp para facilitar o trânsito de caminhões e trens no Porto. Será bancada com dinheiro do Tesouro Nacional, a ser liberado por meio da segunda versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).

Há R$ 330 milhões separados pelo Governo Federal para o empreendimento. O custo será definido pelo projeto-executivo, que ainda será elaborado. A mudança foi determinada para atender os planos da Prefeitura de Santos, que pretende implantar nessa região da Cidade um complexo turístico, cultural e de lazer, o Porto Valongo. Se tudo der certo, será como em Puerto Madero, Buenos Aires (Argentina), onde foram construídos diques para barcos esportivos e de recreio, aproveitando as águas barrentas do Rio da Prata.

A revitalização da antiga área portuária a tornou uma atração turística. Para tornar possível o projeto Porto Valongo, foi preciso modificar o desenho do mergulhão, considerado peça-chave para o sucesso dessa revitalização. O ministro dos Portos, José Leônidas Cristino, tornou pública essa intenção na última sexta-feira, em passagem por Santos. “Anteriormente, o trem ia passar por cima e isso não tinha lógica nenhuma. Nós colocamos o trem embaixo”, declarou, ao ser questionado sobre o assunto. A falta de lógica deve-se ao fato de que o trem seria um entrave à presença de pessoas no local.

Se o plano é atrair turistas para a região do Valongo ¬inclusive com a construção de um terminal de passageiros no local ¬, difícil imaginar uma convivência harmoniosa com vagões elo como tiva sem trânsito. “Esta decisão deve-se a uma somatória de fatores. Foi para que houvesse uma integração completa naquela região. Nunca se imaginou que os trens passariam por ali”, declarou o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de Santos, Sérgio Aquino. Ele é membro do grupo técnico composto pelo município, pelo Governo Federal e pela Codesp para discutira revitalização do Valongo.

A mudança principal é que o segundo túnel, por onde passarão os trens, será independente do primeiro, destinado ao modal rodoviário. Sua parte coberta começará atrás do prédio da Alfândega e avançará por cerca de 300 metros em direção à região portuária do Saboó, até as imediações do Armazém 4, acompanhando a Rua Xavier da Silveira. Ainda não se sabe a extensão das rampas de acesso. O mergulhão rodoviário, por sua vez, segue com a mesma configuração: terá 1.100 metros de extensão, saindo também das proximidades do prédio da Alfândega em direção ao Saboó, porém chegando próximo à confluência com a Rua Cristiano Otoni, no limite entre o Valongo e o Saboó. Suas rampas deverão ter 150 metros em cada ponta ¬ ou seja, serão1.400metrosdepista.

Aquino explicou que não seria possível que trens e caminhões utilizassem uma mesma passagem subterrânea. O motivo é que o trem requer uma rampa menos íngreme, com 1% a 2% de inclinação ou seja, variando um ou dois metros de altura a cada 100 metros de extensão percorrida. O caminhão, por sua vez, convive perfeitamente com rampas de 5%a7%deinclinação. A contratação de projeto executivo tem verba de R$ 15 milhões garantida pela Codesp, segundo apurou A Tribuna. No entanto, pretende-se abrira empresas privadas a possibilidade de elaborarem e doarem o trabalho para a União, a fim de evitar uma demorada licitação.

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