As potências emergentes estão longe de superar os EUA e a Europa em tão pouco tempo como se pensa, afirma o texto apresentado por Dani Rodrik, economista e professor da Universidade de Harvard, durante conferência anual do Federal Reserve, em Jackson Hole.
De acordo com Rodrik, países como China e outros emergentes enfrentam uma série de desafios, que torna difícil alcançar o nível dos países desenvolvidos. “Uma convergência rápida é possível, em princípio, mas na prática ela é improvável”, escreveu o pesquisador. “Uma convergência sustentável deve permanecer limitada a um pequeno número de países”.
Segundo ele, “a diferença entre os países desenvolvidos e aqueles ainda em desenvolvimento hoje é praticamente a mesma da década de 1950 (embora tenha diminuído um pouco na última década)”. Como consequência, “a taxa de crescimento potencial (dos emergentes) é tão alta como tem sido desde o fim da Segunda Guerra Mundial”.
No trabalho, Rodrik afirma que Brasil e México, que se tornaram símbolos da nova mentalidade política dos mercados emergentes, recentemente, têm registrado taxas de crescimento que são apenas uma pequena fração do observado entre 1950 e 1980. “Isso não pode ser explicado pelo crescimento ter se tornado mais difícil ao longo do tempo: a diferença entre esses países e as economias desenvolvidas era maior em 2000 do que em 1950”.
Ele afirma que, em 1950 a renda per capita do Brasil representava 30% da renda per capita média dos países desenvolvidos. Em 2000, esse porcentual caiu para 24%. O trabalho de Rodrik é uma tentativa de conter a crescente crença de que o mal-estar que afeta a economia dos EUA e Europa está abrindo caminho para a dominância de países antes considerados emergentes. Os receios são particularmente acentuados devido ao rápido crescimento da China. Mas o professor de Harvard não acredita que os chineses vão “dominar o mundo”.
“O crescimento no mundo em desenvolvimento não deve depender do crescimento dos países desenvolvidos, mas da diferença dos níveis de produtividade dos dois grupos de países – em outras palavras, do `intervalo de convergência`. O ritmo no qual as economias em desenvolvimento podem alcançar os países desenvolvidos é determinado pela habilidade delas em absorver ideias e conhecimento da fronteira tecnológica (dos países desenvolvidos)”, diz Rodrik. As informações são da Dow Jones.